Forbes Africa Lusófona Magazine - Março - Abril 2024

In this issue

Resiliência deixou de ser uma palavra bonita.
Para ser uma dura realidade para quem de facto a leva a sério.
Em África, o “não basta querer” assume proporções gigantescas. Não basta querer não ter fome. Não basta querer não ser pobre.
Não basta querer formalizar as zungueiras.
Não basta querer luz em todas as casas.
Não basta querer educação e oportunidades iguais para todos. Não basta, não, senhor.
Sabemo-lo da pior forma. Muitos querem, e nada acontece. São gerações atrás de gerações a conviver com os mesmíssimos problemas.
O menino que vi nascer pobre continua hoje um adulto pobre, porque não lhe deram outra oportunidade para ser, ou sequer desejar ser, mais alguém. E se calhar estaria ali um Einstein, um Edison, um Martin Luther King.
O “I have a dream” começa a esmorecer se não arregaçarmos mangas seriamente, e isso significa voltar às bases, desenhar escolas, construir estradas e cultivar a terra. Ou seja, educação, mobilidade e agricultura. A
urgência está neste trio em África, e é ele que nos permitirá ter maior segurança alimentar, comunicar para dentro e fora da região e criar gerações com maior capacidade de liderança. O reverso da moeda é sermos
o continente do futuro por sermos mais, não por sermos os melhores. Esse risco não devemos correr, pois tem implícito o voltarmos a ser colonizados por uma elite e sermos apenas e unicamente… mão-de-obra.
Estaremos comodamente encostados a essa narrativa de que sendo mais, temos mais poder? A importância de África no mundo tem de ser maior do que esse número. O continente tem de ser relevante, e, para isso, precisamos de fazer um move on, rápido e eficiente, um Excel com alma. Impossível? Voltamos ao início, resiliência é a nossa palavra desta edição.